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Eu teria

Verdade seja dita. Eu não preciso de você. Eu não preciso do seu drama, das suas críticas, do seu humor inconstante. Eu não preciso dessa espera, da dúvida. Será que você vem? Será que você anda pensando em mim? Eu não preciso.
Por mais que meu coração insista em bater acelerado a cada toque do telefone, na esperança de ouvir sua voz, eu não preciso dela. Eu não preciso dessa disputa, porque para mim amor não é um jogo. Amor é se doar, é abrir o coração. É, eu te amei, escancarei minha vida para você, mas suas portas se mantiveram fechadas. Então porque eu deveria me prender a isso?
Entenda, o mundo é muito grande. Porque parar agora se ainda existe tanta estrada para seguir e tantas flores para colher no caminho? Talvez tenha sido o seu medo, a sua desconfiança ou simplesmente a sua constatação de que não tem lugar para mim aí dentro. Mas quer saber? Eu te amei...
e eu teria te amado por toda a vida...

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Ai sim

Quando seu despertador tocar amanhã de manhã, talvez você perceba mais que depressa como seu pretérito imperfeito chegou cedo demais. Já não estarei mais aqui para ocupar o outro lado da cama, nem para dar credibilidade ao seu drama, muito menos para dar continuidade a essa ideia ilusória de relacionamento a dois. Verdade seja dita: eu cansei de você. E cansei das suas mentiras, do seu ciúme que mais parece uma busca incessante por motivos para brigar, cansei da sua indiferença em horas erradas e de tudo o que compõe essa sinfonia totalmente fora de ritmo. Cansei de tudo o que envolve seu nome ou o que restou do nosso amor. E só me dei conta disso quando vi meu sentimento mais puro e sincero se transformando em uma solidão inteiramente infinita. Minha alegria se transformando em choro e minha confiança se resumindo a investigações virtuais.
Nesse tempo percebi que andava inventando desculpas demais pros seus erros. E não há amor que resista se alimentando de veneno. Eu fui e você ficou. Eu fui e levei comigo todas as minhas inseguranças que tanto te incomodavam. Levei meu abraço e coração e que te pertenceram por tanto tempo. Levei meu sorriso e a covinha que aparecia com ele, as rugas e as olheiras que esse amor mal acabado desenhou em mim.
Talvez quando você acordar nem se dê conta de que eu parti, já que estamos tão distantes ultimamente. Talvez me substitua sem dó, piedade, nem luto por esse sentimento que dividimos ao longo desses anos. Em um dia qualquer você vai perceber que amor de verdade não se encontra nos cantos sujos em que você tanto se esconde. Nem com mulheres vazias, cansadas e desiludidas com as quais você se diverte. Aí sim, nesse exato momento, você vai lembrar de mim. E vai se tocar de que o brilho nos olhos e a pupila dilatada pela pessoa certa não há madrugada de diversão que compense.
E então você vai repassar os flashes em sua cabeça e lembrar que seu final feliz estava bem próximo da felicidade que eu te proporcionava. Quando você perceber que a superficialidade e o amor verdadeiro seguem por estradas completamente diferentes, você vai lembrar de mim.

Aí sim, nesse exato momento eu estarei bem longe. Vivendo a minha vida e, provavelmente, sendo feliz de verdade.
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Não volto mais.

Então me olha, me olha e diz que você não quer nada de mim, que o seu sorriso é assim com todas, que nada do que eu disse mexeu com você. Me olha, me olha e diga que o meu corpo não é tão legal assim, que você odeia quando eu te olho nos olhos, que o meu sorriso não te deixa bobo. Olha, olha e diz que eu não to bonita hoje, diz que você não sente vontade de mim, olha e fale pro seu amigo me olhar, pergunte como ele me vê. Agora me olha de novo, olha e vê tudo o que você tá perdendo, me olha com os olhos de quem um dia me deixou ir, olha com os olhos de quem hoje faria qualquer coisa só pra me ver ficar, só pra me ver todos os dias.
Olha e diz que eu não mexo com você, vai, me olha. Me olha e diz que todas as vezes que brigamos, você não quis me agarrar ali mesmo e acabar com aquilo. Me olha, me olha e diz que não me quer, se você conseguir, eu vou embora, mas olha de novo, olha o modo como você me olha, você não quer me deixar ir. Olha, olha e me pede pra ficar, me diz que vai tentar, que vai mudar, que me quer ali todos os dias, que quer acordar e me olhar. Me olha e diz que meu cabelo desarrumado não te incomoda, me olha e diz que eu fico péssima sem maquiagem, mas que mesmo assim, você não me trocaria. Me olha, olha como seu sorriso é mais bonito comigo, olha como as coisas são mais fáceis enquanto a gente se olha. Me olha, me olha e me pede pra ficar que eu fico, ou apenas me olha e me veja ir, mas olha, dessa vez, olha bem, porque se eu for, se eu for eu não volto mais.
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Eu te queria...

Eu te queria ali. Certo ou errado, eu queria. Queria mesmo com todas as pessoas ao redor me julgando como louca, masoquista e outros adjetivos que definem uma pessoa que não tem muito amor próprio, eu te queria ali. Eu queria porque o seu olhar me deixava incrivelmente envergonhada e ninguém nunca me deixou incrivelmente envergonhada antes. Queria porque o seu cabelo era bagunçado, seu sorriso bonito e sua voz era meio rouca.
Queria porque além dos beijos, os nossos corpos se encaixavam muito bem, te queria porque você sabia exatamente a hora de me fazer rir, te queria porque de alguma maneira estranha e ao seu modo, você me queria também. Queria porque você me deixou tão livre, que eu quis me prender só pra ter certeza de que eu te teria ali, por um tempo. Queria porque suas mãos ficavam frias quando eu estava perto, queria porque a gente se entendia com um olhar, queria porque o modo como você ficava com ciúme era estranhamente engraçado, queria porque você me irritava, me tirava do serio, me fazia querer te matar.
Queria porque você me achava tão boba, que fazia questão de repitir isso várias vezes ao dia. Queria porque você gostava da cor do meu cabelo e do meu jeito louco. Queria porque você acreditava em mim mais do que eu mesma. Queria porque você era a parte boa dos dias ruins e a melhor parte dos dias bons.
Mas um dia percebi que querer não é poder, que algumas vezes, queremos demais, esperamos demais, depositamos fé demais em algo que nunca daria certo. E então eu comecei a acreditar que as coisas acontecem exatamente como tem que acontecer, que eu te tive, por um tempo, mas que eu precisava deixar ir, precisava me libertar, na verdade, porque ir, você já havia ido a tempos. Descobri, da forma mais difícil que a vida é um equilíbrio constante entre segurar e deixar ir. E deixei, porque quem quer ficar, fica, independente da liberdade que tem para voar.
 
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