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Vontades...

Hoje acordei com vontade de falar tudo. Aquela coletânea de sentimentos que fica no fundo de mim, as coisas que eu escondi porque achei que você já soubesse. Todo mundo sabia, não era difícil perceber meu fingimento ao ouvir seu nome. Tudo bem, talvez fosse. Depois de tanto tempo, até eu ficava espantada no quão simples era. Mas, agora, eu irei falar a verdade, já é hora.
Demorei um tempo para me acostumar com a ideia de não te ter, acho que é porque um dia me falaram que o que é verdadeiro volta, apesar de tudo. Era de verdade, não era? Era sim. Fiquei esperando alguns dias a tua volta, provavelmente mais do que só alguns; no meu interior era certo que quando eu menos esperasse você apareceria. Pode ser que este tenha sido o problema: eu sempre esperava. Nunca dei o braço a torcer, antes que me pergunte, porque isso implicaria em encarar a tua perda e eu não estava preparada para sentir tanto. Preferia acreditar que ainda tinha um pouco do controle sobre o nosso destino e que mesmo que o perdesse, contudo que a distância só se alargasse, sempre haveria algo seu em mim, uma lembrança de um sorriso bobo ou um sorriso por uma lembrança boba. Sei lá. Não consegui te manter aqui dentro por muito tempo, começou a tomar espaço demais e eu gostava de me afogar em você. Fui obrigada a guardar tudo num armário velho, daqueles que encontramos tudo se procurarmos bem; alguns chamam tais móveis de cérebro. Ocupou meus pensamentos, ocupou tudo. Porém, pelo menos, não me ocupou inteira.
Com o tempo, você foi indo para o fundo das gavetas e prateleiras e hoje posso dizer que não sou mais apaixonada por ti. Apenas te amo. Talvez para sempre, uma vez que eu amo o que nós fomos e, para mim, nós vamos ser sempre você e esse teu jeito estranho. Apesar de tudo, a gente nunca disse adeus, entretanto acredito que a vida fez isto por nós. Hoje acordei com vontade de falar tudo, mas não te encontrei.

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