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Outras doses

Dia desses me perguntaram sobre você: ''e o fulano?'' Quase como se minha alma falasse por mim, respondi que você era a pior e a melhor coisa que tinha acontecido na minha vida. Acho que, sem dúvida, essa é a melhor definição. Quer dizer, descobri o amor e a dor ao mesmo tempo, na mesma intensidade. E, cá entre nós, o que existe de melhor no mundo se não o amor? E o que existe de pior se não a dor que ele causa? Ter você – mesmo que a beira de não ter – era essa constante montanha russa entre o bem e o mal. Céu e inferno como nunca haviam visto, juntos. Faz tanto tempo e ainda assim parece que foi ontem que eu me sentia dentro de uma prisão sem grades e sem guarda. Nunca entendi porque sempre custei a fugir. De certo modo era fácil, a porta tava o tempo todo aberta e o mundo lá fora era sempre tão bonito. Mas a vontade de você era tanta que, sei lá, preferia fechar a porta e ficar no teu mundo, loucura. Era como ter uma mansão te esperando do outro lado da rua e ainda assim você querer continuar morando dentro do carro velho. Insanidade das fortes, eu diria. Mas amor tem um pouco disso, um hospício dentro de si. É tarja preta vendida clandestinamente. Ninguém tem controle e, quando a gente vê, já viciou. Mas hoje to de cara limpa, ex viciada recuperada e pronta pra outras doses que não sejam de você. Amor, quando rima com dor, não vale a pena consumir.

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